Olhando rapidamente, você poderia achar que se trata da mesma coleção, mas não é. Na SPFW, foi Alexandre Herchcovitch (foto 01) e no FashionRio foi a Cantão (foto 02) os responsáveis por trazer elementos étnicos para a passarela (coisa que se viu pouco nessa temporada).
Enquanto Alexandre foi pra Georgia na Russia, o Cantão foi pra Turquia, mas nessas fotos em detalhes as duas coleções passearam por adornos parecidos na cabeça, assim como as aplicações de pedrarias que aconteceram nas peças, mas são duas coleções completamente (leia-se muito completamente) diferentes. Foi apenas uma gostosa coincidência.
Esse post nasceu quando postei no twitter um link sobre os “power shoulders” na passarela, e meu irmão deu um reply exatamente com essa fase aí em cima. Daí já viu, fiquei uma semana pensando nisso e decidi juntar umas imagens pra elucidar a idéia, que virou recorrência principalmente a partir do último inverno europeu. Olha só o resultado:
Foi na última quinta, dia 10.09, que aconteceu a aguardada estréia de Alexandre Herchcovitch no comando criativo da Rosa Chá , durante a Semana de Moda de NY. Todo mundo estava curioso para conhecer a coleção Resort que a empresa deixou nas mãos de Alexandre, e o resultado foi bem coordenado e comentado, mas como sempre, o frisson fica mais na imprensa brasileira. Para essa, que foi a primeira coleção de beachwear assinada por Herchcovitch, não houve um tema específico, mas várias referências ao histórico da Rosa Chá e um estudo de construções de lingerie que permearam todo o desfile.
(e só clicar nas imagens para ampliar)
Foram 34 looks onde p&b foi maioria, seja em poás e listras, e o bojo de sutiã também foi vedete. O estilo da praia de Alexandre Herchcovitch é inteligente, com proporções que agradam várias silhuetas, um jogo se sensualidade através de elementos de estilo e não da exibição do corpo, e uma determinação para criar um guarda-roupa completo a partir de sua visão. Admito que não gostei muito dos macacões, e do excesso de bolsas de mão (queridinhas do estilista), mas a coleção teve ótimos momentos.
Meu momento preferido do desfile foram os looks em jeans. Além de uma lavagem linda, os looks tinham traçados e recortes e misturavam seda ou lycra (as costas eram ótimas). Adoro tudo: a camisa com botões e gola deslocados, os vestidos justinhos e o maiô com abotoamento frontal.
Esse talvez seja o momento mais comentado, por que deu um gás nas cores do desfile. Tiras trançadas em verde limão, amarelo e laranja criaram um conjunto de peças cheias de bossa, mas sem os excessos do “beach couture” que muito estilista brasileiro insiste.
No geral, o desfile foi bastante comportado nos biquínis, bem ao gosto internacional, chegando até aos caleçons (hot pants), mas meus biquínis preferidos são os mais curtinhos, com um jeitinho nem comportado demais mas também nem um pouco vulgares. Os bojos de sutiã são a referência maior dos tops, mas que em algumas peças ganharam um jogo de sobreposição com outros formatos que deu certo. Outra coisa legal são a pequenas correntes nas barras das calcinhas listradas, literalmente “resort details”.
Bom, Herchcovitch fez sua estréia sem grandes arroubos, mas com concisão e estilo. Apesar de ter agradado aos jornalistas, o resultado das vendas dessa coleção é que irá dizer mesmo o que representa essa mudança de estilo para o Grupo Marisol. Herchcovitch trouxe uma outra perspectiva para a Rosa Chá, e isso é inegável, resta saber como esse olhar será aceito pelo consumidor da marca. Como citou Alcino Leite Neto no Última Moda:
“Sai o requintado barroquismo de Slama e entra o pop exuberante de Herchcovitch.”
Dá pra ver pela cara da Ana Claudia Michels que o clima não estava assim muito bom para um biquíni, mas o cenário com arco-íris ao natural promete nas fotos finais.
Essa é uma das fotos dos bastidores da campanha que a Rosa Chá (agora sem Amir Slama) trará para o seu verão, que foi inspirado na cantora Elza Soares. Pra quem ainda não sabe, quem comanda o estilo da marca atualmente é Alexandre Herchcovitch, que esteve pessoalmente nas fotos e aproveitou para fotografar as primeiras peças assinadas por ele para uma Cruise Collection da marca. Como veremos, a opção apenas por preto e branco mudou bem a cara da Rosa Chá que vemos aí em cima. Bom, nos resta esperar para conferir as coleções e ver como essa mudança de estilo e estilistas vai se dar com os consumidores.
De forma rápida, os destaque do primeiro e segundo dia da São Paulo Fashion Week.
Carnaval Intelectual Oskar Metsavat abriu a semana de moda paulista inspirado no carnaval carioca, mas filtrando o máximo possível, pensando mais na suas sensações, pois a base de toda a modelagem veio da simples camiseta que todo mundo usa num bloco de carnaval. As camadas de transparência, paetês-florais e paetês gigantes criaram o brasil mais conceitual que o uma marca poderia querer, pois a moda desfilada pela Osklen é tão conceitual, tão conceitual, que eu tenho medo que fique presa na fórmula um camisetão-peça larga, uma legging, e algum “conceito bem bacana” por cima.
O Futebol aqui é americano! Enquanto uns querem menos, Alexandre Herchcovitch quer mais, e se joga no estudo de elementos de esportes como rugby e futebol americano, criando uma coleção que disseca o tema e explora principalmente os recortes, especialidade do estilista, dessa vez inspirados nos uniformes, e passando pro um processo de evolução nas cores e volumes. A coleção causou furor na sala de desfile, mas eu que não fui e vio vídeo, achei incríveis os vestidos de látex com desenhos gráficos e acho que os japoneses devem ter amado todas peças. No inverno, foram as bolsas de pedra, e nesse verão serão as bolsas de bola de futebol americano. Dessa peça os americanos devem gostar.
Leve a sacola junto! A Maria Bonita foi à feira, e deve ter sido cantada por que veio nesse verão bem mais sexy e colorida, mas sem perder o jeitão da marca. A grande sacada da temporada foi modelar roupas e peças utilitárias juntas, como sacolas, bolsas e mochilas, trabalho que começou discretamente na temporada passada e tá cada vez melhor.
Nova assinatura A Cori olhou para o Oriente e editou essas referências de forma bem simples, sem os excessos habituais, criando os elementos certos para a roupa que tem a cara da consumidora. Andrea Ribeiro e Gisele Nasser (que já teve sua marca na SPFW) assinaram a coleção a partir deste verão e mostraram que a Cori está em boas mãos.
Acontece durante e depois do São Paulo Fashion Week o seminário Ziguezague, com programação de oficinas e conversas “tranversais” discutindo moda e arte, além da exibição de desfiles incríveis comentados pelos próprios criadores. Essa ano participam os estilistas/designers Rita Wainer (com uma oficina para crianças), Ronaldo Fraga, Alexandre Herchcovitch, Mana Bernardes, e pesquisadores como a querida Joana Sales, falando sobre sua dissertação no Mestrado em Moda, Cultura e Arte (o mesmo que eu faço).
Vale a pena participar de alguma coisa! Com certeza!
RT @edufritsch: Bolsonaro não fala de economia por que não é economista. Mas está sempre falando sobre os gays. Tirem suas próprias conclus… 5 months ago